25 de ago. de 2013

Abandono

Queria que fosse real. Mas foi tudo uma farsa. Tudo uma mentira. Uma atrás da outra. Nada do que você tinha me dito era verdade. Eram apenas palavras vazias. Promessas de que um dia você voltaria pra mim, e que me daria tudo o que eu quisesse. Me disse que queria uma vida comigo. Eu te disse que não viveria sem você, pois era verdade. Você não acreditou. Jogou minhas palavras fora. E agora eu sei porque. Era ela.

Nada mais do que um sorriso falso que aparecia
em meu rosto toda vez que você chegava perto, ou
pronunciava o nome dela. Você estava com aquela
blusa que eu havia lhe dado de aniversário, e usando 
aqueles tênis all star surrados que eu amava.
O cabelo bagunçado, a barba malfeita, e seus olhos
cansados de tanto tempo acordado em frente ao computador
criando aqueles lindos poemas que um dia você dedicou a mim.
Um rosto tão conhecido, mas também desconhecido
para mim agora. Um rosto que um dia foi meu,
que um dia me pertencia, que era meu de direito.
Agora eu perdi este lugar. Mas é um lugar para o qual não volto mais.

Sinto como se tivessem roubado o meu chão. Me sinto em transe nesse meu novo mundo. Mas acho que assim foi até melhor. Agora está tudo nos eixos. Está tudo perfeito. Só falta você.

17 de ago. de 2013

Sozinha

Sabe a sensação de abandono? A sensação de estar sozinho e parecer não ter mais ninguém ali pra te apoiar? Aquela hora que você diz "Eu quero ficar sozinho" mas o que você mais quer é uma companhia? Eu juro que não entendo como as pessoas não percebem isso em mim. Parece que eu atraio o azar, ou sei lá. Eu sinto que as vezes ninguém quer ficar perto de mim. Como se eu fosse intocável.


Seus olhos azuis eram da cor do mar, e
me analisavam profundamente enquanto eu
fitava o nada. Ele me dava conforto de algum modo.
Eu me sinta segura nos seus olhos. E o seu sorriso me
trazia calma, e um pouco de esperança. Como se eu
esperasse algo a mais dele, como se eu implorasse por um
abrigo, um refúgio dentro de seu ser. Mas ele se foi...
E levou toda a minha esperança com ele.

As vezes quando eu ficava sozinha escapava um pouco da realidade. Mas de vez em quando era bom uma companhia, alguém pra conversar. Alguém pra amar, pra me acalmar, pra me fazer parar de pensar em todas as coisas fúteis desse mundo caótico. Eu só precisava disso. Em você.

14 de ago. de 2013

Dias

Passam despercebidos. Você nunca sabe quanto tempo se passou até você olhar para o calendário. Ou é o aniversário de alguém que você disse ontem que estava longe demais para acontecer. Ou é a estréia daquele filme que você tanto esperou para sair. São horas que se transformam em minutos. E minutos que se transformam em segundos. É o tempo que escorre entre seus dedos quando você mais precisa dele.

Eu estava ali esperando por uma resposta.
Esperava que ele me enviasse uma resposta
rapidamente. De preferência naquele momento.
Eu só estava adiando o inevitável: a dor.
A dor de saber que eu nunca receberia aquela
carta. Que eu nunca mais o veria de novo.
E os dias foram se passando.
Assim como as horas.
Assim como os minutos,
e os segundos.

Nada além do óbvio estava visível. Todo o tempo que eu queria que fosse eterno, passava voando por mim. Eu queria pelo menos aproveitar um pouco mais cada um deles. Eu queria que eles ficassem intactos na minha memória, de modo que eu pudesse guardá-los por inteiro, e não somente as melhores partes. Porque mesmo que o momento tenha sido pouco, mas perfeito, você sempre separa uma parte dele como a melhor parte. Eu só queria que os dias não apagassem as lembranças da minha memória. Os dias as vezes são um caos.

7 de ago. de 2013

Morte

Pra quê morrer? Qual o sentido de viver e depois acabar à sete palmos do chão? Uma pessoa normal acha isso comum, como parte da vida. Como se a vida fosse feita justamente pra isso. Nascer, viver e morrer. Qual o motivo? Qual a razão? Eu gostaria de sentir o prazer de ter uma vida nas minhas mãos; de sentir o calor da alma e o peso da vida. Que sentir o gosto da morte.

Uma vida escorria entre meus dedos.
Uma gota de sangue pingava ao chão
como se fosse uma goteira de água.
Um menino parado no canto da sala
olhava fixamente para o corpo.
Era sua mãe.
Eu não sabia o que fazer.
Eu queria ir correndo abraçá-lo, dizer
que ia ficar tudo bem e que eu a 
estava levando para um lugar melhor.
Mas era tudo mentira.
Eu mentia.
Mas mentia por uma causa maior.
Era minha vida que corria risco naquele
momento, não a dele.

Quando eu era pequena, minha vó me dizia que quando eu morresse, viraria uma estrela. Mas estrelas não são pessoas, nem almas, nem corpos voando no espaço. São pedras. Mas são pedras que brilham. Acho que eu queria ser uma pedra. Será que ela recolhe as almas quando elas voam pro céu? Ou será que elas tem uma bateria infinita pra continuar brilhando à noite em todo o lugar o mundo? Eu não sei. Mas eu queria ser a morte pra saber. Pois ela já morreu, então pode vagar pelo mundo. Você não acha?

4 de ago. de 2013

Perda

As dores começaram quando você se foi para sempre. Eu nunca imaginei que aquilo poderia acontecer. Como pode? Como pode um amor acabar de repente? Tudo à minha volta virou de cabeça pra baixo. Tudo o que eu via era um borrão na minha frente. Minha cabeça doía, e meu corpo formigava. Mas não era algo bom. Era ruim. Era a dor de ter perdido parte de mim. Era a dor de você indo embora. Pra sempre.

Meus pés tocaram o chão levemente
e de repente senti um calafrio correr
pela minha espinha. Ouvi a sua voz
sussurrando no meu ouvido mais
uma vez, só para eu poder me lembrar
como era aquele tom suave que
me deixava tonta a cada vez que seu
hálito quente se chocava com a
minha pele gélida.

Não foi nada fácil te perder. Muito mais te perder de repente para um acontecimento bobo. Uma dor que eu não suportava mais sentir. Queria morrer. Queria sumir. Queria ir junto com você. Sentia que uma grande parte de mim faltava. Me senti impotente. As pessoas ao meu redor notavam a minha diferença, e a minha palidez. Eu não me importava. Quando eu estava em transe, eu só pensava em você. E era isso que me fortalecia de algum modo.
A sua lembrança.